A realização de um sonho, a qualidade de vida e a possibilidade de altos ganhos ao assumir seu próprio negócio requer talento e faro para boas oportunidades. As boas ideias podem se transformar em possibilidades inovadoras de negócio, sendo que o perfil de novos empreendedores é cada vez mais composto por jovens inquietos, com muitos sonhos e pouco dinheiro para investir em suas iniciativas.
Após trabalhar por seis anos em uma empresa de iniciativa privada de Arroio do Meio, o contador Gustavo Miguel Neumann mudou radicalmente sua vida. Pediu demissão do emprego e assumiu a frente dos negócios da família. Só não imaginava que daria tão certo. Os conhecimentos de setor produtivo e escritório foram imprescindíveis para tocar a nova empreitada.
E a decisão tomada pelo jovem de 28 anos não foi em vão. Percebendo que não tinha mais perspectiva de crescimento em seu emprego, tinha a visão de que o empreendimento da família era bom e que poderia crescer ainda mais. O ramo da família Neumann está voltado para a produção de tortas, prática realizada há muitos anos pela mãe de Gustavo, Beatriz.
Gustavo assumiu o empreendimento há três anos e meio. Após pedir demissão, estudou por cerca de dois meses o funcionamento da empresa familiar. O pai não acreditava que o negócio poderia decolar. O filho não desanimou e pouco a pouco foi mostrando aos pais que a decisão tomada há alguns anos daria resultados. Passou a aplicar na Tortas da Bea os conhecimentos adquiridos no antigo emprego e na faculdade.
Uma das dificuldades encontradas no início foi a de convencer a mãe de que o ramo tinha potencial, mas que mudanças teriam que ser realizadas. “A sistemática dela era totalmente diferente, e isso foi complicado no início. As tortas sempre foram feitas de forma artesanal, o que foi mantido, pois é uma marca do empreendimento, além de manter a qualidade do produto”.
Aos poucos, a produção que ocorria somente aos finais de semana, passou a se intensificar durante toda a semana. “Antes de assumir minha mãe fazia de duas a três tortas por semana e aproximadamente 20 em datas comemorativas. Hoje são cerca de 50 tortas por semana, e em datas comemorativas, passa das 100. Hoje apenas eu, meu pai e minha mãe tocamos a empresa, mas chegamos num ponto em que é preciso mão de obra para manusear o maquinário”, afirma o jovem.
Investimento gradativo gera retorno
Apostando no sucesso da empresa familiar, Gustavo passou a investir gradativamente na compra de equipamentos. Entre eles um gerador, 12 batedeiras pequenas – 14 no total somadas às duas que já existiam – geladeiras e uma máquina para produzir salgados. “O produto principal continua sendo a torta. Ano passado começamos com os salgados. A aquisição do maquinário otimizou nosso tempo. Antes fazíamos cerca de 500 salgados em um dia, enquanto a máquina produz mais de mil em uma hora. Agora não perdemos mais de duas horas para fazer o serviço completo”. São mais de 10 mil salgados produzidos por mês, cuja produção é feita nas segundas e terças-feiras. Os demais dias são dedicados às tortas, foco principal da empresa. São mais de 20 sabores de tortas e 10 tipos de salgados.
Faturando em cima de tudo que foi investido, atualmente as vendas da Tortas da Bea são somente para pessoa física, mas Gustavo almeja mais. Ano que vem a intenção é ampliar essa venda para mercados, mas para isso, alguns investimentos são necessários como a refrigeração e isolamento da caminhonete, além da aquisição de uma câmara de congelamento. Além disso, pretende ampliar os municípios de venda do produto, que hoje se concentram principalmente em Arroio do Meio. “A nossa propaganda é o boca a boca. Se o nosso produto não fosse bom, o empreendimento não cresceria tanto assim. Isso é muito bom, nos dando a certeza da qualidade do nosso trabalho”.
Todo o lucro gerado até o momento foi investido, o que para Gustavo é um orgulho. E ele não pensa em parar. A visão empreendedora o motiva muito, já que são muitas as ideias que tem em mente para fortalecer ainda mais o empreendimento nos próximos anos. Satisfeito com o sucesso e o crescimento da empresa, e feliz por ter acreditado no potencial que ela tinha, ressalta que sempre quis abrir um negócio, mas não sabia ao certo com o que trabalhar.
“Minha vida mudou drasticamente. Hoje trabalho mais em casa, mas vejo as coisas acontecerem. Tenho certeza que a formação em Ciências Contábeis foi importante para a administração da empresa”, comemora.
Empresa foca no propósito de contar histórias de marcas
Anna Laura Neumann é uma contadora de histórias. A publicitária de Arroio do Meio, de 26 anos, busca através do marketing digital fortalecer e alavancar o negócio de seus clientes. Há um ano e meio abriu a Âme Storytelling, uma agência de publicidade que atua na produção de conteúdo, gestão de marcas e Marketing Digital, empreendimento que foi tomando forma aos poucos, mas com a cara da proprietária.
Ao abrir sua empresa, Anna Laura conta que teve dificuldade de chegar ao nome. Âme: alma em francês, imperativo de amar no português e Storytelling: contar histórias. “Não vejo a Âme como uma simples agência de publicidade, mas como produtora de conteúdo que encontrou no Marketing Digital uma forma de se comunicar de maneira diferente. O nosso propósito é contar histórias de marcas que tenham alma, de empresas que amam o que fazem. Acreditamos que comunicar é conversar, é escutar, se relacionar. Hoje as marcas devem ser plataformas de encontro para pessoas que buscam conexões”, afirma a publicitária.
O espírito empreendedor está presente em sua família há mais de 30 anos. Ao longo de sua vida, ela pôde acompanhar o esforço e o crescimento do empreendimento da família. Um convívio diário, mas que em momento algum despertou nela o interesse em dar continuidade a toda essa história. Para Anna, a empresa era de seus pais.
Mesmo assim, Anna nunca se imaginou empreendendo por conta própria, até porque sabia de todas as responsabilidades que um negócio próprio exigia. Mas, em meados de 2014, prestes a se formar, ela viu que precisava tomar uma decisão. “Atuava como estagiária de mídias sociais em uma empresa de Lajeado. Com a formatura se aproximando, conversei com meus chefes a respeito do meu futuro na empresa. Chegamos ao acordo de que, assim que me formasse, sairia e continuaria atendendo a empresa de forma terceirizada, como freelancer”.
Mas não era o bastante. Por um acaso da vida, a proprietária de uma loja de cama, mesa e banho de Arroio do Meio a chamou para conversar. “Ela tinha interesse em divulgar seu negócio, assim me pediu para fazer uma proposta. Eu não fazia ideia de quanto cobrar. Fiz minha oferta e ela aceitou. Sem querer, a proposta foi o estopim para o meu próprio negócio, o que fez com que eu devolvesse para a minha antiga empresa todos os clientes que eu atendia de forma terceirizada”.
Antes de abrir a Âme Storytelling, a publicitária se via mais como freelancer, tanto que por dois anos realizou parte de seu trabalho na Anna Laura Neumann Comunicação. “Aos poucos fui entendendo que o meu negócio era uma empresa, e me encaminhava assim para o que seria a Âme, mas mesmo com a Anna Laura Neumann Comunicação eu já emitia nota fiscal, por exemplo. Sempre primei por isso”, relata.
A ideia para criação da Âme surgiu em 2015 durante o MBA em Marketing Digital pela ESPM, momento em que se reconheceu como profissional de Marketing Digital e não apenas como publicitária.
Confiança no próprio negócio
“Ter confiança e acreditar que a Âme poderia entregar um bom serviço, além de passar essa confiança para outras empresas foi um dos principais desafios quando decidi abrir o negócio”, confidencia. O clique de apostar no Marketing Digital apareceu durante os estágios, quando esse mercado estava começando a crescer. “Percebi que gostava de me comunicar mais na internet do que em outras plataformas. A parte dinâmica do Facebook me fascinava, tanto que quando abri a empresa já sabia o que queria fazer e em qual segmento atuar”, frisa.
Apesar de recente, com pouco mais de um ano de funcionamento, o trabalho realizado por Anna Laura ao longo dos cinco anos trabalhando com mídias digitais fez toda a diferença. As empresas que ela atendia antes de abrir a Âme seguiram com ela na nova empreitada. Hoje a Âme atende 18 clientes dos municípios de Arroio do Meio, Lajeado, Encantado, Estrela e Porto Alegre, gerenciando páginas no Facebook, Instagram, canal no Youtube, blog e Linkedin, com conteúdo adaptado a cada rede social.
Entre os clientes estão pet shop, organizadora de evento, suplemento alimentar, hamburgueria, farmácia de manipulação, centro de oncologia, neurologista, confecção de moda feminina, nutricionista, sorveteria, entre outros. “Uma das políticas que adotei foi não atender concorrentes do mesmo segmento no município em que já atuo. Assim evito que a mesma ideia seja aplicada em ambos os clientes, conseguindo me dedicar completamente ao planejamento de cada marca”, explica.
Atendendo empresas de pequeno a médio porte, Anna revela que ficou feliz pelos clientes terem acreditado em algo que era muito novo. “Amo ver o que o Marketing Digital faz com as pequenas empresas, os resultados que conseguimos alcançar com a comunicação nas redes. O interessante dessas plataformas é que elas te oferecem muita liberdade para trabalhar”.
Apesar da insegurança inicial, Anna afirma que a Âme se encontra hoje em um patamar muito bom. “Peguei a crise em cheio, levei muitos nãos. Senti o desespero, mas com muito apoio da família e namorado procurei me manter centrada”. O rumo da empresa e os bons resultados fizeram com que Anna contratasse uma estagiária para ajudá-la, pois não dava mais conta de administrar tudo sozinha. Há três meses ela tem o auxílio da estudante de Design, Letícia Fritzen, alternativa que possibilitou trazer mais clientes para a empresa.
“Empreender é maravilhoso, mesmo passando muito tempo pensando em trabalho. Tenho liberdade de horários, mas as responsabilidades são muito altas. Tem o ônus e o bônus. Mas acordo com alegria, pois amo o que faço e posso comunicar da maneira com que eu acredito”, afirma.
A paixão pelo que faz é visível, pois é algo que a deixa em movimento o tempo todo e a motiva muito. Prova disso são as constantes atualizações e estudos na área. “É preciso ter credibilidade de conhecimento por trás de tudo que ofereço aos meus clientes. Busco todo o conhecimento necessário para oferecer um bom trabalho. O Marketing Digital muda muito rápido: ou você faz algo de qualidade ou fica para trás muito fácil. Prezo por fazer o melhor que eu posso, pois, minha preocupação com o resultado é muito grande”, destaca Anna Laura.