A exportação de um grande volume de milho, que está acontecendo nos últimos dois meses, vem repercutindo no preço do produto no consumo interno.
Em apenas um mês verifica-se o aumento do preço do milho, no mercado nacional, na ordem de 14%, fazendo com que o custo de produção do frango e do suíno, que são as cadeias que mais consomem o cereal, como ingrediente na composição da ração, também tivesse uma alta em torno de cinco por cento.
Segundo especialistas da área, esse processo de exportações não coloca em risco, por enquanto, o abastecimento dos nossos estabelecimentos produtores, pois ainda há um grande estoque e muitos produtores mantêm o seu produto guardado em silos particulares ou mesmo em suas propriedades, sob lonas, esperando justamente preços mais atraentes, para comercializá-lo.
Mesmo que esse quadro crie uma certa alteração no clima de calmaria existente até há pouco, há quem pense no estímulo que uma reação no preço do milho poderá significar para os produtores no sentido de repetirem os investimentos e as apostas da safra anterior, que proporcionou a colheita recorde que tivemos. Porém é pouco provável que a cotação do milho volte a alcançar os níveis praticados no final do ano passado e no início de 2017, quando atingiu valores próximos a 60 reais a saca de 60 quilos.
A atitude do governo, nesta hora, deve ser de prevenção e de cautela para assegurar um estoque que regule a demanda. Pois sem um controle e continuando a corrida ou insistência dos países importadores do produto brasileiro, poderia, mais adiante, abrir espaços para as normais especulações e inclusive provocar a necessidade de as indústrias de rações terem que ir ao mercado externo para buscar a matéria-prima e atender os seus integrados.
Fazendo também uma breve abordagem sobre perspectivas em relação à próxima safra de soja, há indícios de que também este produto poderá não ter o mesmo desempenho da safra anterior. Os preços recuaram um pouco e não se vislumbra sinais de uma recuperação para breve.
Recursos para a assistência técnica
Comentei brevemente na semana passada sobre o corte de recursos no orçamento do governo federal para 2018, atingindo de forma muito intensa a agricultura familiar.
Essa expectativa negativa cresce na medida em que se suspeita de que a área da assistência técnica – Embrater, Emater e outros órgãos terão diminuídos os recursos, causando prejuízos irreversíveis a programas de vínculos com os produtores rurais, em especial os pequenos proprietários que desenvolvem culturas diversificadas, sobretudo, dedicados à produção de alimentos, incluindo aí as agroindústrias familiares.
E essa falta de recursos não deverá ser apenas problema do orçamento da União. No Estado poderá igualmente ocorrer uma limitação nas dotações destinadas à assistência técnica, fato que traz preocupações e até provoca mobilizações de entidades classistas que tentam chamar a atenção dos governantes para as consequências dos possíveis cortes.
“Cheque Adubo ou Incentivo”
O programa de incentivo em vigor desde 2001, tem sofrido mudanças e desgastes a ponto de merecer, hoje, reavaliações, críticas, e as reivindicações de que ele volte a ser um instrumento de apoio e não apenas uma forma de distribuir recursos, atualmente muito defasados, além da falta de critérios claros.