Parece que chegou a vez do açúcar. A vez de se tornar o vilão da boa saúde. Pouco a pouco o açúcar vai pegando o lugar que já pertenceu à manteiga e aos ovos.
Por tudo quanto é lado aparecem advertências contra o açúcar. Acontece que ele pode estar escondido até em alimentos aparentemente inocentes, como o pão. Recomenda-se muita atenção. No mínimo, ler o rótulo dos produtos industrializados para identificar a presença indesejada.
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O açúcar está associado a uma lista tão extensa de males que é capaz de estragar o prazer da sobremesa, antes mesmo de a gente abrir a boca.
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Tudo começa com a obesidade. Ao que se diz agora, o açúcar é pior do que a gordura para produzir aumento de peso, principalmente na barriga que é onde gosta de ficar depositado.
Além da obesidade, as cáries, pois o açúcar age sobre ossos. Além das cáries uma lista de doenças. Dentre todas, a diabetes é certamente a principal. Com ela vem uma coroa de enfermidades de que nem vou falar.
Não bastasse isso, também está associado a doenças cardíacas e dos vasos sanguíneos: varizes, trombose, hemorroidas, colesterol alto, gota. Mais: formação de cálculos na vesícula biliar, gordura no fígado, gastrites, acne, miopia. Mais: diminuição da memória, distúrbios emocionais e câncer. E olhe que se pesquisar um pouco, tem chance de encorpar a lista.
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O consumo diário de açúcar agora recomendado não passa de uma colher de sopa – algo como 25 g. É muito? É pouco? Um copo de refrigerante contém 21 g. Vale lembrar que há açúcar nas frutas e que o nosso organismo metaboliza os carboidratos e o álcool, transformando-os em… açúcar.
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E pensar que uma vez o açúcar era tido como um santo remédio! Para um ataque de nervos, um susto, um desmaio, não tinha nada melhor do que água doce.
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O que diria minha vó, que acreditava em gemadas dulcíssimas para recuperar crianças doentes? Que recomendava ainda as gemadas como o lanche ideal para as grávidas? Que preparava chás para as doenças do peito colocando brasas bem vivas sobre uma boa camada de açúcar, depois, água quente e canela? Que tinha um remédio infalível para dar cabo das gripes: chá quente com ervas, cachaça e açúcar? Que fortificava as crianças com mate de leite bem doce?
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E o que diria meu pai, que gostava de festejar um bom café, falando:
– Pobre, mas café bem doce!