Aproximadamente 180 pessoas, de 14 municípios do Vale do Taquari e Rio Pardo participaram na tarde da quarta-feira (24), no salão de festas do Paroquial, do 10º Encontro de Sementes Crioulas de Arroio do Meio. Com o tema Biomas e Sementes, Nosso Bem Comum foi iniciada a programação com recepção aos convidados, e no decorrer da tarde foi realizada reflexão e bênção ecumênica, troca de experiências, intercâmbio de sementes, degustação de alimentos e compartilhamento de receitas saudáveis à base de alimentos orgânicos.
O evento é uma parceria entre Comunidades Católica e Evangélica de Confissão Luterana, juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Grupo de Agricultores Ecologistas de Forqueta, Defensores da Natureza, Comissão Pastoral da Terra, Associação Ecobé, Emater/ RS-Ascar, Secretaria Municipal da Agricultura e Departamento do Meio Ambiente.
Na ocasião o líder comunitário Áurio Scherer falou de sua viagem à Alemanha, em março, quando participou do Encontro Mundial da Agricultura Familiar, no qual foi discutida a agroecologia na vida das pessoas, do planeta e da humanidade. No país visitou propriedades rurais que produzem alimentos orgânicos, museus com ferramentas agrícolas antigas e feiras orgânicas que são realizadas a céu aberto em pequenas cidades. “Precisamos atentar para o consumo de alimentos saudáveis. Caso contrário estamos caminhando para a autodestruição”, observa.
Lembrou-se da primeira visita realizada à Alemanha no ano de 2000, quando percebeu que a aquele país estava muito à frente do Brasil no que diz respeito à produção e consumo de alimentos orgânicos. “Dezessete anos depois, o Brasil se atentou para a agroecologia, e hoje estamos no mesmo patamar. Por isso, precisamos guardar essas sementes crioulas e livres de agrotóxicos. Por que a semente transgênica são sementes da morte”, finaliza.
Na tarde as nove entidades organizadoras prestaram uma homenagem à irmã da Divina Providência, Maria Pauli, que por mais de dez anos se dedicou à comunidade arroio-meense. Formada em Farmácia pela universidade de Pelotas e em Homeopatia Popular pela universidade de Cuiabá, Mato Grosso, iniciou seus trabalhos na farmácia do Hospital São José. Nessa mesma época a irmã atuava como massagista, já que possui formação na área, valendo-se da técnica Do In.
A irmã lembra que após formação em Mato Grosso, viajou para Arroio do Meio com as primeiras matrizes de ervas, as quais foram multiplicadas com o plantio. As ervas e sementes vieram em uma caixa de sapato sobre o colo da irmã numa viagem que durou 36 horas. Elas se multiplicaram e geraram tinturas, pomadas, xaropes e compressas que eram usadas e distribuídas para pessoas de baixa renda que não haviam condições de adquirir medicamentos nas farmácias. Dessa forma iniciou seu trabalho homeopático o qual foi criticado por muitas pessoas da comunidade que não acreditavam na homeopatia. “Não dava ouvidos a conversas negativas. Sou a favor do povo. Por isso continuei meu trabalho”, relembra.
Aos 72 anos de idade, Maria continua ativa e não parou de trabalhar. Morando atualmente em Porto Alegre, na casa de uma irmã, realiza de forma gratuita massagens e trabalha com ervas medicinais. “Estou muito feliz por aquilo que Deus me deu. Em ter esse dom de poder ajudar as pessoas a ter melhor qualidade de vida. Só tenho a agradecer”, fala.