O psicopedagogo clínico é um profissional licenciado preparado para atender crianças e adolescentes com dificuldades no processo de aprendizagem. O seu trabalho pode ter um caráter preventivo ou interventivo (avaliação, diagnóstico e intervenção). Durante o processo de diagnóstico procura compreender as mensagens, muitas vezes implícitas, sobre os motivos que levam os pacientes a obterem resultados insuficientes ao esforço aplicado em sua busca pela aprendizagem.
O profissional irá se empenhar para identificar as causas dos problemas de aprendizagem usando instrumentos próprios da Psicopedagogia, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), EOCA (Entrevista Centrada na Aprendizagem), anamnese (coleta de dados significativos sobre a história de vida do paciente), sessões lúdicas, sempre com olhar e escuta atentos a tudo.
Segundo a psicopedagoga Graciela Marx, na clínica vai acolher em primeiro lugar a família com suas angústias, queixas, dúvidas e inseguranças. Na entrevista inicial serão definidos horários, quantidades de sessões, honorários, importância da frequência, da presença e o que ocorrer.
“O diagnóstico é composto de aproximadamente 8 a 10 sessões, sendo duas a três por semana com duração de 50 minutos cada. Quando diagnosticados pelo psicopedagogo somente problemas de aprendizagem, o profissional atua em uma linha terapêutica, desenvolvendo técnicas remediativas (através de sessões lúdicas), orienta pais e professores de forma que seu trabalho seja integrado e não individual”, explica. Em alguns casos poderá identificar a necessidade de encaminhamentos para avaliação por uma equipe multidisciplinar: Pediatra, Psicólogo, Fonoaudiólogo, Neuropediatra, Oftalmologista, Psicomotricista.
Graciela ressalta que o tratamento poderá ser feito com o próprio psicopedagogo que fez o diagnóstico, através de atividades diferenciadas, com o objetivo de identificar a melhor forma de aprender e o que pode estar causando o bloqueio. “Se utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, multimídia. Muitas vezes a criança não consegue falar sobre seus problemas e é por meio desses recursos que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade. Assim a criança adquire maturidade, aprende a ter limites, a ganhar e perder, desenvolve o raciocínio e aprende a se concentrar”.
Recebendo apoio e intervenção adequada, o paciente vai melhorando gradativamente na vida escolar e social, progredindo em carreiras bem-sucedidas ao longo da vida. “Através do estudo e identificação da origem da dificuldade em aprender, se desenvolve atividades que estimulem as funções cognitivas que estão desativadas no paciente e a questão afetiva e social. Nas sessões os recursos como jogos e livros têm a finalidade de descobrir os estilos de aprendizagem do paciente: ritmos, hábitos adquiridos, motivações, ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender. A função do psicopedagogo é auxiliar o indivíduo que não aprende a se encontrar nesse processo, ajudá-lo a desenvolver habilidades, sempre com o apoio da rede de sustentação familiar”, frisa.
Na apresentação de um dos sintomas citados no box abaixo, é indicada a busca de um profissional para diagnóstico. A autoestima da criança que não consegue aprender vai diminuindo, podendo tornar-se agressiva, introspectiva ou apresentar outros sintomas como pedido de socorro, um alerta para que alguém tome alguma providência e descubra o que está acontecendo com ela”, finaliza Graciela.
Quando procurar um psicopedagogo?
problemas de articulação da fala;
aquisição lenta de vocabulário;
falta de interesse em ouvir histórias;
dificuldade de seguir rotinas;
hiperatividade;
atraso no desenvolvimento global;
dificuldade de adaptação;
inversão de letras, sílabas ou palavras;
adição ou emissão de sons;
leitura e escrita lenta para a idade;
letra ilegível;
desorganização geral na folha por
não possuir orientação espacial;
falta de concentração, atenção e memória, notas baixas;
atraso na entrega de trabalhos escolares;
repetência;
desmotivação e falta de interesse nos estudos;
dificuldade de raciocínio lógico e de aprendizagem em
relação aos métodos pedagógicos e no relacionamento familiar.