Vivemos em uma cultura que baseia a sua educação na falta de esforço, na permissividade e na pouca resistência à frustração. Contudo, isso não é totalmente verdadeiro. É preciso ter em mente que a exigência desmedida na infância deixa marcas irreversíveis no cérebro adulto. Quando crescer e se tornar adulto, nunca irá se sentir suficientemente competente e tampouco perfeito, com base nos ideais que lhe foram influídos.
É preciso cortar esse vínculo limitante que veta a nossa capacidade de sermos felizes. A educação deve ser a base da felicidade, do autoconhecimento, e não focada unicamente no perfeccionismo onde os direitos da criança são completamente vedados.
A criança que é pressionada para tirar sempre a nota máxima, o turno contrário é preenchido com aulas extracurriculares e seus momentos de lazer são limitados à busca por mais competências – o resultado é uma criança estressada, esgotada e vulnerável. Educar nossas crianças é necessário, sermos capazes de exercer a autoridade com amor, guiando seus passos com segurança e afeto, visto que, a infância é um fundo de reserva para a vida adulta.
As consequências de exigir demais de nossos filhos é que ao contrário de filhos perfeitos serão crianças tristes que demonstrarão as seguintes dimensões:
Dependência e passividade: uma criança acostumada a ser mandada, deixa de decidir por conta própria. Assim, sempre procura a aprovação externa e perde a sua espontaneidade.
Falta de emotividade: filhos perfeitos bloqueiam suas emoções para se ajustarem às exigências, e toda essa contenção emocional traz graves consequências a curto e longo prazo.
Baixa autoestima: uma criança ou um adolescente acostumado à exigência externa não tem autonomia nem capacidade de tomada de decisão criando uma autoestima muito negativa.
A frustração, o rancor e o mal-estar interior podem manifestar em instantes de agressividade.
A ansiedade é característico das crianças educadas na exigência, frente a qualquer mudança ou uma nova situação, gera intensa insegurança e ansiedade.
Enquanto pais, desejamos que nossos filhos tenham sucesso, mas acima de tudo está a felicidade. Ninguém deseja que na adolescência desenvolvam uma depressão ou que sejam tão exigentes com eles mesmos que não saibam o que é se permitir, aproveitar, sorrir ou cometer erros. Existindo pressão, a exigência irá acompanhá-los sempre, e mais ainda se a educação foi fundamentada na ausência de estímulos positivos e de afeto.
Educar é exercer a autoridade, mas com bom senso. Consiste em usar o afeto como antídoto e a comunicação como estratégia. Incide consciência que nossos filhos não são “nossos”, são crianças do mundo que deverão ser capazes de escolher por si próprios, com direito de errar e aprender, com comprometimento de chegar à vida adulta, livres de coração e com sonhos para realizar.
Por: Neuropsicóloga Ivone Lúcia Brito
Fonte: site: contioutra.com