O Movimento Sindical de Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Sul, sob a coordenação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS), organizou e realizou na terça e quarta-feira (23 e 24), em 13 cidades do interior do Estado, manifestações para chamar a atenção da opinião pública acerca das dificuldades encontradas na área da saúde.
Segundo estimativas da Federação, em torno de oito mil trabalhadores rurais, dirigentes sindicais, direções e funcionários de hospitais participaram de atos públicos nas cidades onde se situam as Coordenadorias Regionais de Saúde, do Estado, incluindo Lajeado, que é a sede da 16ª Coordenadoria. Representações dos municípios do Vale do Taquari se fizeram presentes, reunindo mais de 600 manifestantes, que utilizaram formas variadas, como faixas, macas e até um caixão, para demonstrarem a insatisfação e preocupação com o quadro atual.
A Fetag/RS relacionou os motivos das manifestações, que foram temas de pronunciamentos e de palavras de ordem nas caminhadas e nas audiências públicas realizadas nas sedes das Coordenadorias. Em síntese as razões das mobilizações foram e são as seguintes: – a falta e o não repasse de recursos pontuais às secretarias municipais de Saúde; – a falta de transparência na prestação de contas do dinheiro público por parte de alguns hospitais e clínicas; – a defasagem nos valores da tabela de atendimentos prestados pelo SUS; – a aplicação dos recursos destinados à saúde em outras áreas; – a falta de recursos voltados à Atenção Básica, que é o pilar sustentador da Saúde pública.
Pelo visto, a listagem dos motivos remete todas as questões para a insuficiência, o mau uso e a não pontualidade no repasse de recursos, dinheiro. São, portanto, problemas vinculados à gestão, à administração de recursos e transparência de algumas instituições. Não se percebe queixas ou contestações em relação aos profissionais (médicos, enfermeiros, outros…) da área, bem como à maioria dos funcionários e dos próprios hospitais.
Inúmeras faixas e cartazes traduzem, de forma explícita, o sentimento dos trabalhadores e selecionei algumas das mensagens manifestadas para que a imprensa e os demais usuários dos serviços de saúde pudessem ver e refletir a sua extensão: “A Saúde Pública pede Socorro”; “Não ao desmantelamento do SUS”; “Não à Corrupção”; “Contratos Irregulares”; “Descaso com a Saúde”; “Saúde não é Mercadoria”; “Humanização”; “Estado Omisso”; “Fica 16ª” e “Fora PEC 241”.
Duas dessas “reivindicações” merecem uma breve menção. “Fica 16ª”, refere-se à comentada possibilidade de a Coordenadoria Regional, de Lajeado, ser agregada à região de Santa Cruz do Sul. Seria a perda de uma referência no Vale.
Já a “Fora PEC 241”, faz referência à possibilidade de alteração em dispositivo da Constituição Federal, que determina aplicação de percentuais mínimos das receitas dos Municípios, Estados e União, destinados às áreas da Educação e Saúde. A nova proposta seria vincular a atualização dos recursos utilizados nas citadas áreas, com base nos índices oficiais da inflação. Aí a possibilidade de manipulação de dados, segundo entendimento de manifestantes, viria a ser um risco, podendo ocorrer perdas significativas de recursos, hoje já escassos e insuficientes para uma saúde digna.