Com o ano letivo iniciando, alunos e escolas se preparam para mais uma jornada em busca do saber. Para muitos alunos, o reinício das aulas é uma festa, enquanto para outros é quase um martírio. A fim de proporcionar um bom regresso e o melhor aproveitamento do ambiente escolar durante todo ano, a família e a escola podem adotar algumas atitudes para incentivar e motivar os estudantes. O acompanhamento dos pais, independente da série, é fundamental para que o aluno sinta a importância da escola na construção da sua trajetória de vida.
Frequentar a escola nos dias atuais é muito diferente do que era há 20 ou 30 anos. As mudanças sociais, econômicas e tecnológicas interferiram também na forma de ensinar e aprender. A escola, como construtora de saberes, mudou. Inclusive, há outras demandas que a sociedade lhe impôs. Hoje as crianças passam muito mais tempo no educandário, com atividades no turno oposto ao dos estudos. E é justamente esta permanência a maior que muda a relação entre estudantes e escola.
Se antes a escola era unicamente o lugar de aprender português, matemática e as demais disciplinas, hoje a escola é um ambiente que vai além da missão de ensinar. É nela que os estudantes se deparam e precisam lidar com uma diversidade de valores, crenças, habilidades e formas diferentes de viver e ver a vida. Este cenário complexo muda também as expectativas dos estudantes em relação à escola. Para a pedagoga Maria Elisabete Bersch, que trabalha na formação de professores na Univates, a escola precisa ouvir estas expectativas, considerando as características das crianças e adolescentes, a fim de se tornar um ambiente que acolha e não afugente.
O fato de ouvir não significa fazer tudo o que cada um, individualmente, deseja. Contudo, a pedagoga afirma que é preciso entender que a forma de se relacionar, quando o aluno passa mais tempo na escola, muda muito. Muitos passam a conviver mais com professores e colegas do que com a própria família. “Dar importância para esse convívio social é fundamental. Ele não é nem mais nem menos importante do que o desenvolvimento cognitivo. É um ambiente de convívio interessante e é preciso que a proposta de trabalho seja significativa para alunos, uma proposta pedagógica criativa e consistente. Um planejamento criativo, que perceba a criança e suas múltiplas dimensões (social, cognitiva, afetiva)”, afirma.
A família deve participar
Além do esforço da escola, a família também precisa fazer sua parte. Para Elisabete o papel da família é determinante na motivação para os estudos. Participar das atividades escolares, valorizar o que a criança/adolescente está aprendendo e mostrar que considera a escola importante são alguns exemplos de atitudes que os pais podem ter para com os filhos. “Perguntar o que aconteceu durante o tempo que permaneceu na escola, ver o que a criança gostou, o que fez o dia ser bom na escola. E estar atento à resposta”.
A pedagoga ainda frisa que se vive numa sociedade bastante imediatista, que fomenta a expectativa de um retorno imediato para nossas ações. No entanto, no contexto da escola, este retorno é, frequentemente, projetado a longo prazo. É muito comum ouvir na adolescência, por exemplo, o discurso de que é preciso estudar “para ser alguém na vida”. Este conceito, na visão de muitos adolescentes é “demorado”, já que o “ser alguém na vida” é dito apenas como projeção de futuro. “A escola precisa ser importante tanto para o momento atual, quanto para daqui a 10 anos. É preciso romper com a ideia de que é bom só para o futuro, ou para passar no vestibular. O estudante precisa perceber que o que está vivendo e aprendendo no espaço escolar é significativo para ele hoje e quais as oportunidades que se abrem a médio e longo prazo. É preciso encontrar o equilíbrio entre as duas coisas”, ressalta.
Outro ponto no qual a família pode contribuir é no autoconhecimento da criança/adolescente, enquanto estudante. O que ajuda e o que atrapalha na hora de estudar? Os pais podem ajudar a criança e o adolescente a se observar, se conhecer e reconhecer qual a melhor forma de se organizar em relação ao estudo.
Relação aberta
Escola e família devem ser parceiras e estabelecer uma relação aberta, de confiança mútua para que o aluno sinta que os pais confiam na escola. Confiam em deixá-lo naquele ambiente. Nada impede que exista discordância nesta relação escola/família, mas esta deve ser trabalhada dentro dos laços confiança e parceria.