O milho, uma cultura tradicional e muito difundida em várias regiões brasileiras, é mais um item do agronegócio a contribuir com a balança comercial bem como na manutenção do nosso PIB nacional em uma condição positiva.
Quando se sabe que, por exemplo, as exportações do milho atingiram volumes recordes no mês de dezembro/2015, alcançando um total de 6,27 milhões de toneladas, pode parecer um fato importante e digno de comemorações de parte de alguns setores.
Mas, sem sombra de dúvidas, nos deparamos com uma regra bem simples que é quando aumentam as exportações, as demandas ou as procuras internas crescem, principalmente nesta questão do milho, que é o insumo essencial para algumas cadeias produtivas, casos da avicultura e suinocultura.
Uma consequência imediata deste quadro que está acontecendo, é o aumento no preço do milho que neste mês de janeiro já teve um acréscimo de 13,33%, alcançando a cotação de R$ 41,74 o saco de 60 quilos.
As indústrias de carne que atuam no sistema de integração e que possuem fábricas de rações, já sentem os reflexos da escassez da principal matéria-prima, além das dificuldades em trazer o grão de regiões produtoras, como é o centro-oeste. Inclusive poderão vir a tentar buscar o insumo nos países vizinhos, Paraguai e Argentina, que certamente também não têm excedentes expressivos.
O resultado deste panorama todo é a elevação do custo de produção. E o repasse do aumento na produção para o consumidor final é uma decorrência inevitável. O consumidor brasileiro, todavia, nas condições atuais, não absorve esse impacto e passamos a depender sempre mais dos mercados consumidores do exterior, com destaque para a China, que é o terceiro maior importador de carnes brasileiras.
Clima x Silagens
O processo de formação de silagens, como em anos anteriores, mais uma vez teve o seu auge na segunda metade de dezembro e todo o corrente mês de janeiro.
Quem é do meio sabe que a tarefa de colheita (corte) do milho e o seu “acondicionamento” adequado não é tão simples, ainda mais se considerarmos que o trabalho acontece em um período de clima alterado, normalmente com um intenso calor.
Ouvi e constato desabafos de produtores/agricultores, falando de desconforto e preocupações, quando analisam as suas condições de trabalho e perspectivas de resultados. E aí entra em questão, mais uma vez, a elevação do custo de produção, considerando os itens de sementes, fertilizantes, controle de pragas, combustíveis, hora/máquina, manutenção dos equipamentos, oficina, peças, pneus, dentre outros, que são ingredientes inevitáveis nesse “processo”.
Mas o que de fato causa a maior apreensão e desconforto são as previsões futuras sobre possíveis resultados, com muitas dúvidas e incertezas. A produção de leite é a transformação da maior parte das silagens. Como se comportará o preço do leite? – Existe alguma possibilidade de recuperar a defasagem que hoje já existe, em relação ao preço do leite? – Continuará valendo a pena insistir na atividade?
E por falar em clima, encontramos situações opostas em apenas um mês. Chuvas excessivas retardaram o plantio no ano passado e agora, em tão pouco tempo sentimos a escassez de umidade, que certamente prejudicará o início da safrinha. São os desafios de uma atividade, normalmente não reconhecida e valorizada devidamente.