Toda vez que busco subsídios para formular os comentários semanais, inseridos no espaço desta coluna, mantida há mais de 30 anos, penso naqueles que leem os textos, concordando ou não com o teor.
A razão de ser o colunista de um jornal é a repercussão dos assuntos trazidos ou das opiniões emitidas. E ficamos felizes quando alguém chega e nos diz que leu determinado comentário. Mais contentes ainda, quando manifesta-se concordando com o conteúdo encontrado. Porém, respeitamos sempre aqueles que discordam de certos conceitos ou de meras informações colocadas. A interação é a essência da comunicação.
Reconhecendo, pois, que durante o ano todo, muitos leitores prestigiaram o jornal, como um todo, e também esta coluna, quero agradecer a cada um, desejando-lhe um Natal muito Feliz, de muita paz e compreensão. Certamente muitos não poderão comemorar de forma festiva e fartamente, com bebidas e comidas, esta importante data, mas acredito que todos tenham sensibilidade, espírito de solidariedade, compreensão com o outro, capacidade para dar uma parada e refletir para, ao final, dar-se conta de que os valores espirituais são imprescindíveis na vida, muitas vezes tumultuada, que levamos.
A propósito da linha do pensamento acima, cumprimento leitores que fizeram observações em relação a uma parte das abordagens deste espaço, na semana passada, em especial quando falei de “perspectivas positivas para o próximo ano”, citando uma possível valorização das atividades de produção de frangos de corte, suínos e bovinocultura. Fundamentei o comentário no fato de estarem se abrindo muitas novas portas, no cenário internacional, para a compra de carnes brasileiras, citando com maior evidência a China.
Com muita propriedade e oportunidade, leitores indicaram a sua decepção com a realidade vivida no campo, no que diz respeito à remuneração do produtor, na hora de comercializar a sua produção.
Os argumentos são de fácil compreensão quando, por exemplo, os produtores mostram e comprovam de que ocorreu uma redução no preço de comercialização do suíno, de aproximadamente um real por quilo, se compararmos os preços praticados no final de 2014, com os atuais. Esta situação significa um prejuízo em dobro, pois além da queda no valor do produto, há o aumento de alguns itens indispensáveis na atividade e que ficam sob a responsabilidade de produtor, como a energia elétrica, o consumo de água, a manutenção das instalações, remédios ou medicamentos, obtenção de licenças ambientais e o próprio cálculo da mão de obra.
Mais acentuada é ainda a instável atividade de produção de leite. Não sendo em sistema de integração, como é o suíno, o custo de produção eleva-se, pelo envolvimento de um conjunto maior de itens que entram na formulação desse custo da atividade.
O atual preço de comercialização não difere do que se tinha há um ano. Todavia, os custos de produção fogem do controle do produtor, precisando ser considerados inúmeros itens, bem mais amplos do que os de outras cadeias produtivas.
Desde energia, combustível, fertilizantes, sementes, equipamentos e adequações de instalações, haveremos de constatar que a rentabilidade de quem está na atividade, diminui de forma comprometedora e irreversível. Esta constatação está muito evidente e muitos produtores, mormente os pequenos, estão desistindo da produção leiteira.
E a cadeia do frango de corte segue na mesma direção. Mesmo que no Brasil a produção de frango tenha crescido 6,9% no terceiro trimestre deste ano, no Rio Grande do Sul cresceu apenas 1,8% e quando se escuta o produtor, é praticamente unânime a queixa de que não alcançam mais rentabilidade semelhante a de anos anteriores.
Mesmo que as opiniões se desencontrem, as preocupações existem em todos os setores econômicos. E nem mesmo as maiores autoridades brasileiras desta área têm certezas e convicções, a ponto de ter havido troca dos condutores da nossa economia, na semana passada, na tentativa de reequilibrar o trem nos seus trilhos no próximo ano de 2016.