Durante a semana o dólar alcançou a maior cotação desde março de 2003, R$ 3,60. Nos últimos 12 meses a moeda norte americana valorizou 50% frente ao real. Mas a turbulência na bolsa não é exclusividade do Brasil.
Em decorrência do risco do investimento em mercados globais e a desaceleração da segunda maior economia do mundo, a China, os investidores estão optando em comprar dólar, que é considerada a alternativa mais segura. E isso afeta todas as negociações mundiais.
O analista de comércio exterior da Bremil, Cassiano Alexandre Krindges, avalia que a alta da moeda americana é favorável para as exportações, porém, ao mesmo tempo, diminui a oferta no mercado interno, gerando inflação. Além disso, eleva o custo dos insumos importados.
“A margem de lucro nas vendas internacionais subiu 20%, pois nossos principais custos, a soja e a mão de obra, são em reais. Mas a pressão da concorrência exige ajustes que diminuem o faturamento […] a queda da bolsa na China também pode atrapalhar as exporatações para a Ásia”, observa.
Atualmente a Bremil fornece insumos para indústrias frigoríficas de 30 países, no entanto 80% da produção atende o mercado doméstico.
No setor de curtimento de couro também foi detectada positividade nas exportações. Entretanto, para compra de matéria prima (couro) a situação é péssima. Mas na comparação entre perdas e ganhos há um equilíbrio. Em decorrência da concorrência com os produtos sintéticos, o couro é cada vez mais restrito ao público de alto poder aquisitivo.
Embora o nome de empresas calçadistas brasileiras novamente está sendo lembrado pelos importadores norte-americanos, os representantes do setor estão desacreditados a ponto de reduzirem o quadro de funcionários. Conforme empresários do ramo, o quadro pode reverter dentro de 30 e 90 dias, isto é, se a desvalorização do dólar persistir. Devido a insegurança de investir no Brasil, o rompimento com fornecedores do México e a China, cuja relação é mais duradoura, será mais demorado.