Arroio do Meio – Na tarde de quarta-feira, moradores das comunidades de Dona Rita e Arroio Grande obstruíram a passagem de veículos pelo desvio na ERS-482, nas imediações da Sociedade Esportiva Dona Rita. A medida foi tomada como forma de protesto pela interrupção das obras de asfaltamento da ligação com o município de Capitão.
Um caminhão caçamba contratado pelos manifestantes, despejou carga de terra numa área particular por onde o fluxo estava sendo desviado, em virtude da construção de uma galeria na pista, serviço que também está parado há cinco meses.
Um dos líderes do movimento, Luís Alberto Araújo, cobra providência do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e do Secretário Estadual de Transportes e Mobilidade, Pedro Westphalen. “Essa foi a primeira medida que tomamos. Se o Daer abrir a pista da rodovia, vamos acionar o Ministério Público e mover uma ação por desperdício de dinheiro público contra o Estado. Além disso, formaremos uma comitiva com representantes de Dona Rita, Arroio Grande e Capitão, para manifestações progressivas e interrupção total do tráfego, e formaremos um grupo específico para busca de uma solução definitiva para este impasse”, revela Araújo.
Diante do fechamento total do desvio com carga de terra e sem previsão de desobstrução, não haverá passagem de veículos automotores na altura da SER Dona Rita. O caminho alternativo para os motoristas que precisam acessar Capitão, ou localidades vizinhas deve ser feito através do bairro Bela Vista.
Além dos moradores, a manifestação tem o apoio da Administração Municipal e Câmara de Vereadores. O entendimento é de que a obra é uma prioridade da microrregião. O prefeito em exercício Áurio Paulo Scherer, avalia que o município fez a sua parte para retomada da obra e não vai omitir sua responsabilidade de cobrar providências do Estado. “Vamos continuar lutando até que o asfaltamento se torne realidade. Não é justo quem trabalha e produz seja penalizado”, defendeu.
O Daer, por sua vez, informa que a pavimentação foi suspensa em função do período de constantes chuvas e devido a necessidade do recálculo quanto ao dimensionamento das camadas posteriores do pavimento. O projeto original de 1998 só previa o tratamento superficial duplo simples, sem a colocação de camada asfáltica. A Construtora Giovanella aguarda o recálculo, pois o orçamento previsto para fase inicial (30% da subcontratação) é de R$ 4,3 milhões.
No início da próxima semana a empresa de Serviços Técnicos em Engenharia (STE), deve fazer a contagem de tráfego e incluir as informações na adequação do projeto. Outra evolução é a definição do traçado na interseção do entroncamento com a estrada geral de Bela Vista/Arroio Grande. O eixo já foi definido, resta apenas a oficialização da permuta de área com os moradores da área atingida.
Esta é a segunda vez que a obra é paralisada. No fim da década de 1990 haviam sido feitos cerca de oito quilômetros de terraplanagens, construção de galerias e sub-base, pela Empresa Construtora Beter S/A, de São Paulo. Tudo ficou deteriorado devido às ações climáticas e uso. A falta de orçamento do RS e os problemas judiciais envolvendo a Beter dificultaram o recomeço da obra, que precisou de intervenção jurídica do Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem do RS (Sicepot), na justiça paulista, para subcontratação de 30%, previstos no contrato da Beter.
Os moradores temem que a novela se repita, pois o asfaltamento da ERS-482 é o maior sonho coletivo da comunidade do Vale do Arroio Grande.