“Homem é linchado no centro de Viamão”. A manchete desponta no caos em que se transformou a segurança pública neste país onde prefeitos e governadores têm cada vez mais atribuições. E recebem cada vez menos recursos de Brasília.
Aos poucos o linchamento começa a ganhar espaço. Dia 6, no Maranhão, um homem foi rendido por moradores, agredido a socos, pontapés e garrafadas até morrer depois de anunciar o assalto a um bar. Um adolescente de 16 anos, suspeito de participar do assalto, foi amarrado, deitado de bruços e agredido. Foi salvo pela polícia porque se fingiu de morto.
Fazer justiça com as próprias mãos é um ato primitivo que resulta da sensação de insegurança, impunidade e inconformidade da população. A descontinuidade de políticas públicas e a mudança de prioridades resultam num vazio angustiante.
A força da mídia faz as autoridades abortarem projetos recém-iniciados na ânsia de dar respostas à opinião pública. Um novo fato violento choca o país e é o bastante para inverter prioridades. Impõem medidas, mas infelizmente não é através de espasmos que teremos resultados eficientes.
BM sofre com falta de recursos e inúmeros pedidos de aposentadoria
No RS, a Brigada Militar é exemplo de dedicação e precariedade. O comandante geral da corporação, coronel Alfeu Freitas Moreira – a quem conheço pessoalmente – é um homem digno, de diálogo, empenhado na busca de soluções. Ele revelou que a BM prende 380 pessoas todos os dias e que registra 4.600 ocorrências/dia. São números assustadores!
A corporação sangra ainda com os pedidos de aposentadorias (reserva) encaminhados por oficiais e soldados. Até julho, mais de mil foram formalizadas, agravando a carência de pessoal. A sensação de insegurança cresce, as pessoas evitam sair à noite, investem em dispositivos de segurança sofisticados e alteram seus hábitos.
O apoio à pena de morte e o aplauso silencioso ao linchamento é motivo de grande preocupação. Assassinatos de inocentes são frequentes e estimulam a barbárie. As soluções são complexas, exigem comprometimento das autoridades de todos os níveis. A situação caótica do país, mergulhado em crise política, econômica, ética e de confiança. Atuam como agravante na busca de soluções. E isso é tremendamente preocupante!