Capitão – A partir de segunda-feira, o Ginásio Municipal de Esportes se abre para os leitores. Às 19h30min ocorre a abertura oficial do 3º Circuito Cultural e 4ª Feira do Livro no município. Este ano O Pequeno Príncipe é o tema da feira. Conforme a secretária de Educação, Lovani Bruxel, o personagem traz muitas lições para vida, como a de que é preciso cativar e criar laços.
Uma das autoras a participar da Feira do Livro, Léia Cassol, escreveu a obra “A Menina do Cabelo Roxo e o Principezinho”. Nesta a autora se reporta à história do Pequeno Príncipe, fazendo referências ao personagem e a algumas falas na obra original, de Antonie de Saint Exupéry. A capa do livro da autora Léia traz em sua ilustração do pequeno príncipe cativado pelo ato da leitura. “Diante disso nos perguntamos: para ler não é necessário se deixar cativar? Como se cativa um leitor de modo a criar laços com o hábito da leitura?”
Lovani cita várias frases da obra original, como “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”, complementando que o ato da leitura passa pelo coração e nem sempre é visível. “Por vezes não temos a dimensão exata do quanto a leitura de uma obra pode afetar alguém diretamente. Da mesma forma a frase: “Se tu vens, por exemplo, às 4h, desde as 3h começarei a ser feliz,” pensamos se a chegada de uma Feira do Livro não é motivo para nos tornarmos felizes mesmo antes dela acontecer? Parece-nos que é isso que vem ocorrendo com nossas crianças.” Conforme a secretária, elas se alegram pelo fato de poderem participar ativamente de uma feira e de satisfazerem necessidades relacionadas ao contato direto com os livros e escritores de forma natural, sem maiores cobranças, demonstrando quem já se deixou cativar e quem ainda precisa ser cativado.
A escritora Léia trabalhará com os anos iniciais na quinta-feira, às 10h e às 15h. Outro escritor presente será Charles Kiefer que se encontrará na quarta-feira com alunos dos anos finais das escolas municipais às 8h30min e com o Ensino Médio da Escola Estadual, às 19h.
Outras atrações serão a peça teatral “Sepé Tiaraju – O guerreiro da lua crescente” do grupo Luz e Cena, no dia da abertura, às 19h30min. Segundo Lovani, a apresentação vem ao encontro do que é ensinado em sala de aula sobre a cultura indígena, além de ser um conto do Rio Grande do Sul. No dia 15, às 14h, haverá o show de mágica com Mister L.
Durante a feira, os estudantes poderão trocar seu vale-livro. Alunos da Educação Infantil e PCDs ganham um vale de R$ 18 e do Ensino Fundamental, Médio e professores e funcionários da Educação ganham R$ 25. Foram distribuídos em torno de 800 vales com recursos do município. Estarão expondo as livrarias Casa do Estudante, de Venâncio Aires e Armazém, de Estrela. Todos os 440 estudantes do município e 155 do Estado foram contemplados.
Além dos vales, será dado um determinado valor para a biblioteca pública e as das escolas para a compra de livros, abrangendo ainda mais o alcance da leitura à população.
Léia Cassol e Charles Kiefer falam sobre sua participação na feira
AT – Você já esteve na região?
Léia – No município de Capitão será a primeira vez. Já estive na região, participando de Feiras do Livro e também de passagem. Como gosto de conhecer os municípios gaúchos, suas peculiaridades e história, acredito que Capitão será mais uma surpresa nas minhas andanças.
Charles – Nunca estive em Capitão, mas estou curioso sobre a cidade.
AT – Como será sua participação na Feira de Capitão?
Léia – Eu sou contadora de histórias e tenho várias maneiras de fazê-las: uma delas é escrevendo. Porém também conto histórias falando, cantando, brincando, dançando e, tudo isso irei fazer na próxima Feira do Livro de Capitão.
Charles – Durante a feira de Capitão vou abordar temas relacionados à Literatura e também sobre a vida literária, minhas rotinas como autor e como professor de Oficinas Literárias.
AT – Como vê a iniciativa da Administração Municipal em distribuir vale-livro para todos os alunos do município?
Léia – A democratização do livro é papel fundamental das autoridades competentes para que uma educação verdadeira, além dos interesses políticos partidários, aconteça. Iniciativas como essa são louváveis e devem ser aplaudidas e seguidas por todos. Parabéns!
Charles – Quando essa iniciativa surgiu pela primeira vez na cidade de Morro Reuter, há alguns anos, todos nós, escritores, dizíamos que esse exemplo devia ser seguido por todos os municípios do Rio Grande do Sul. Que maravilha que em Capitão também houve sensibilidade do poder municipal quanto a essa questão. Isso é como investir recursos públicos em saúde e saneamento. Ninguém vê, mas os efeitos são de longo prazo e extremamente eficientes. Capitão está de parabéns por mais essa iniciativa.
AT – Como escritor, como você vê o mercado hoje?
Léia – O mercado é mutante e anseia por inovações metodológicas. Eu gosto de mudar! Como disse anteriormente, sou contadora de histórias, e isso permite que um diálogo mais lúdico aconteça, sem esquecer o que há de mais importante para um povo: sua origem e história. Por enquanto, o mercado é meu amigo!
Charles – Estamos vivendo uma fase muito difícil para o mercado do livro. A internet disponibilizou tudo de graça, na rede. E por conta dos novos hábitos de leitura, poucas pessoas hoje leem livros. Mas leem muito e escrevem muito nas outras mídias. As alterações no mercado do livro é um tema atual e pulsante, cujo debate recém começou.