À medida que o consumo de drogas vai se intensificando e se tornando rotineiro, milhares de jovens em todo o Brasil passam a sofrer as consequências do seu consumo excessivo. São estes efeitos e a combinação com o aumento do consumo de substâncias como crack e cocaína, que podem trazer problemas sérios à saúde e afetar o relacionamento familiar e até profissional.
Foi cedo, aos 14 anos de idade, que Matheus Henrique Zanatta, teve o primeiro contato com as drogas. O hábito, no início, nunca foi motivo de preocupação, mas no futuro trouxe problemas pessoais, psicológicos profissionais e preocupação familiar.
A cocaína foi a primeira substância apresentada pelos amigos. O contato com a droga surgiu na juventude quando Matheus frequentava as primeiras festas e baladas. “No começo era tudo muito bom, fiz muitas amizades assim. A sensação era prazerosa, me sentia o cara. O efeito da droga me dava muita coragem”, descreve ele, que ficou internado anos depois por consequências do uso.
O que antes era uso menos frequente, passou a ser contínuo. Depois de dois anos de uso da cocaína, Matheus lembra que cheirava praticamente em todos os dias da semana. Além da substância, dos 17 para os 18 anos se tornou usuário de crack. “Nesse momento perdi tudo que eu tinha, por causa da droga. Minha vida foi toda alterada, nem dormia mais”, lembra Matheus, que neste período também teve seguidas baixas no hospital, desmaios e ainda lidava com o desespero da família.
Após uma série de recaídas, idas ao hospital e uma reunião familiar, com amigos, tios e os pais José e Eloise Zanatta, Matheus, no dia 8 de agosto de 2008, foi internado na Clínica Central, em Lajeado. Em um breve relato, ele recorda que não tinha mais escolha, a não ser a morte. “Tive que aceitar a decisão da família. O resultado disso poderia ser pior ”, diz.
Foram 14 dias internados na Unidade de Desintoxicação. Depois disso, Matheus participou de palestras, que somaram 46 dias de internação. Desse momento difícil, de isolamento e recuperação, ele destaca que teve muito apoio da família. O tratamento após a saída da internação, foi continuado com psicólogos, psiquiatras e reuniões semanais na central.
LEVO UMA VIDA NORMAL
Após os momentos conturbados na juventude, Matheus afirma que nunca escondeu a sua história. Foi usuário de drogas e, atualmente, um dependente químico em recuperação. “Sofri alguns preconceitos, mas lidei com isso muito bem. Tive muito medo de recair e voltar a ser usuário, mas pensava muito. Fiz muita coisa errada com o efeito da droga e não me orgulho disso”.
Em recuperação, aos 31 anos, Matheus Zanatta reside atualmente em Travesseiro. Se socializou e é envolvido em clubes esportivos, possui uma ligação forte com o Centro de Tradições Gaúchas Travessia Crioula e, junto com o seu pai, José, trabalha na agricultura onde cultivam milho e administram uma granja de suínos.
Aos mais jovens que pensam em entrar no caminho das drogas, Matheus deixa o recado de que essas substâncias têm poder de destruir vidas, famílias e mostrar que muitas das suas amizades não são verdadeiras. “Sair disso não foi fácil. Até hoje, 12 anos depois, ainda tenho lembranças. Não existe coisa mais triste do que ver a sua mãe implorando para você não sair de casa. Você sai e não tem mais controle de nada em sua vida. Os jovens de hoje em dia devem ouvir mais seus pais, eles só querem o bem. Eu não escutei e tive que passar por tudo isso. Hoje me orgulho de dar a volta por cima”, conclui.