Brasil – Milhões de fiéis participaram da XXVII edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) entre os dias 21 e 28 de julho. O evento é considerado o mais importante da Igreja Católica, e trans-correu no Rio de Janeiro.
Os números da Igreja aproximam a JMJ no Rio do recorde de público da história do evento, em 1995, nas Filipinas, quando compareceram 4 milhões de jovens. Oficialmente o número de inscritos chegou a 427mil – 60% têm entre 19 e 34 anos. Os países com maior número de peregrinos foram Brasil, Argentina, Estados Unidos, Chile, Itália, Venezuela, França, Paraguai, Peru e México. Ao todo peregrinos de 183 países participaram da JMJ.
O evento teve a colaboração de 60 mil voluntários e contou com 356,4 mil vagas disponibilizadas para hospedagem em casas de família e instituições. Foram 264 locais de catequese, feitas em 25 idiomas. No total, a Jornada consumiu 4 milhões de hóstias, sendo 800 mil para a missa de encerramento.
Uma enorme quantidade de clérigos esteve presente na JMJ: 644 bispos, dos quais 28 são cardeais, 7.814 sacerdotes e 632 diáconos. Outro número diferente do divulgado pela prefeitura foi em relação ao impacto econômico de R$ 1,8 bilhão.
O Vale do Taquari também esteve representado na JMJ. Aproximadamente 250 jovens da Diocese de Santa Cruz do Sul estiveram no Rio de Janeiro. Presentes na delegação da Diocese sete padres e os bispos Dom Canísio Klaus e Dom Sinésio Bohn.
Dom Canísio relata que o novo papa consegue transmitir a missão de Jesus Cristo em palavras, no semblante, simpatia, acolhimento, alegria de servir, solidariedade e misericórdia. “Ele quer que todos se encontrem com Cristo. Falou e fez isso em seus gestos. Deus nos chama e confia uma missão. Devemos servir sem medo”, direciona.
Segundo o bispo, Francisco conseguiu unir a juventude em uma grande comunhão – os jovens missionários da igreja do amanhã. “Consegui me aproximar, abraçar o Papa em três momentos. Pedi a benção em nome de todos os fiéis da diocese”, conta. A mitra diocesana de Santa Cruz do Sul, agora se organiza para participar da JMJ de Cracóvia, Polônia. Até lá, o papa João Paulo II deverá ser canonizado.
O reitor do Seminário Sagrado Coração de Jesus de Arroio do Meio, padre Rafael Toillier, também esteve na JMJ juntamente com seis seminaristas. A partilha de experiências entre jovens e pessoas de todas as idades, de todas as partes do planeta, reunidas em torno de um único objetivo, segundo o padre, engrandecem a fé.
“O clima é sem explicação. A forma do papa em se dirigir às pessoas, tratando os assuntos de forma simples, geralmente sob três perspectivas, conseguiu prender a atenção do público. Ele veio para superar a imagem humanística de João Paulo II. É o papa do povo. Uma autoridade eclesiástica responsável pela quebra de inúmeros protocolos”
De acordo com Toillier, Francisco chamou jovens para o compromisso e interagirem com uma sociedade capitalista centralizada, que exclui os extremos – os jovens pela inexperiência e os idosos pela “inutilidade”. Quanto à estrutura do evento, comenta que nenhuma cidade do mundo está 100% preparada para receber multidões nessas proporções.
Jovens cogitam ida à Polônia em 2016
As arroio-meenses Taíssi Alessandra Cardoso e Thaís Lohmann, relatam que a experiência foi única. “Foi incrível interagir com pessoas dos mais diversos cantos do mundo, cujo idioma e tradições eram muitas vezes desconhecidos, mas, conseguíamos nos entender por meio de palavras e gestos; o motivo pelo qual estávamos lá era único, e não precisavam palavras para perceber isso.”
O dia a dia era bem cansativo, mas não o suficiente para abater os fieis. Muito pelo contrário, sempre havia festa, gritos, cantos e muita alegria.
Para as meninas, o maior ensinamento da JMJ foi confiar inteira e plenamente em Deus e cultivar a paciência. Passaram por situações que testaram nossa paciência (convivência em grupo,desânimo), outras que testaram a confiança (ônibus quebrado, vontade de voltar pra casa). “Nesses momentos nos uníamos em oração e entregávamos tudo o que nos estava atormentando, confiávamos a Deus nossas vidas e o restante dos dias. Em nenhuma das vezes fomos desapontados, mas sim, surpreendidos com tamanho amor e misericórdia.”
Em relação ao Papa Francisco as perspectivas só se confirmaram: consideram-no “um amor de pessoa”. Humilde, sincero, caridoso; basta um olhar para se encantar. Tem um carisma sem igual, é ousado e radical na vivência da doutrina da Igreja e do Evangelho, ele cativa a todos porque vive surpreendendo com atitudes e gestos inesperados, muitos dizem que não há nada de extraordinário no que ele faz, mas o extraordinário da vida está justamente em extrair da ordem do dia a dia, ou seja, daquilo que é ordinário, algo que extrapole, que seja extraordinário e é isso que ele faz e que pede para os demais fazerem.
Elas afirmam que ele olha para a juventude com amor e nesses dias com suas palavras e gestos deu um grande testemunho de humildade e fé. Ele não tinha medo de andar com os vidros abertos, de encostrar nas pessoas, com suas atitudes ele pede para fazermos a diferença nesse mundo, levando Jesus Cristo e sendo aquilo que o lema da jornada nos sugere: ir e fazer discípulos entre todas as nações.
“Tivemos a graça de vê-lo a aproximadamente 2m de distância e receber sua bênção (de longe) duas vezes, e em ambas as vezes foi muito emocionante. Algumas frases que continuam ressoando em nossas mentes.”
O travesseirense Junior Rodrigo Weizenmann, foi um dos 60 mil voluntários selecionados, para receber os peregrinos. Ele esteve no Rio de Janeiro desde 15 de julho, quando iniciaram os treinamentos.
“Eu participei do Festival da Juventude que era uma das programações durante a jornada e do cordão de isolamento nas passagens do Papa pela cidade”.
Os três jovens, cogitam em participar da JMJ em Cracóvia, Polônia em 2016. Mas as definições dependem de outros desdobramentos.