Vaticano – O anúncio da renúncia de Bento XVI, feito na manhã de 11 de fevereiro, Dia de Nossa Senhora de Lourdes, surpreendeu os católicos do mundo inteiro. O último papa a renunciar foi Gregório XII, em 1415.
O bispo da Mitra Diocesana de Santa Cruz do Sul, dom Canísio Klaus, recorda que João Paulo II pediu aos bispos que renunciassem ao cargo ao completarem 75 anos de idade. Muitos esperavam que ele também renunciasse quando atingisse esta idade, mas não o fez.
Conforme o bispo, Bento XVI estaria sentindo o peso da idade e a dificuldade de seguir na tarefa de administrar a Igreja Católica. Por isso tomou a atitude que marcará a história da Igreja. Dom Canísio lembra que esta atitude em nada contradiz os princípios da Igreja, pois está previsto dentro do código canônico. “O gesto é de coragem e autocrítica, o que engrandece a sua missão”, dimensiona.
Ao povo católico das comunidades da Diocese de Santa Cruz do Sul, o bispo pede orações para que o conclave eleja um pontífice à altura dos últimos papas da Santa Igreja. “Que a voz do Espírito Santo consiga ser escutada com clarividência”, define.
Sucesso
– Dom Canísio afirma que dos 120 cardeais nove são brasileiros, mas nem todos têm condições de participar – precisam ter menos de 80 anos. Entre os nomes cogitados no país, estão dom Raymundo Damasceno, dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo Odilo Pedro Scherer, dom João Braz de Aviz e dom Geraldo Majella Agnelo.
A partir da vacância do cargo, às 17 horas de Brasília e 20 horas de Roma, no dia 28 de fevereiro, os cardeais deverão eleger, em conclave, novo pontífice. A definição deverá levar em torno de três semanas.
Reflexos e desafios – De acordo com o bispo, toda sucessão gera especulações e as denúncias envolvendo a Igreja vão continuar sendo fortes. “O mesmo já ocorreu em outros momentos, e o reflexo não deve ser de medo, angústia e
insegurança”, avalia. Ele afirma que o novo pontífice saberá que tem a força de Deus ao lado. E a Igreja vai continuar atenta à vida e aos valores da humanidade, sempre respeitando a espiritualidade.
O uso de contraceptivos, Aids, casamento homossexual, aborto e a relação da Igreja com os avanços da ciência são apontados como desafios externos ao novo papa. De forma interna, o celibato dos padres, acesso das mulheres ao sacerdócio, diálogo entre religiões e perda de fiéis.
Conforme Klaus, estudos internos acerca das temáticas vêm sendo realizados. Acredita que o próximo representante permanecerá com a aproximação e discussão dos assuntos apontados.
Aproximar diálogo com sociedade – Na visão do pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padre Alfonso Antoni, além dos desafios internos, a igreja precisa aproximar o diálogo com a sociedade. Se envolver, ou pelo menos apresentar suas propostas, nas questões culturais e econômicas, e no que está ligado diretamente com a vida.
Esta abertura deve inclusive se estender a outras religiões, cristãs ou não. Por isso, opina que o novo pontífice precisa ser dinâmico, lembrando que a escolha por Joseph Ratzinger (Bento XVI), em 19 de abril de 2005, já foi para ocupar o cargo de forma transitória.