A Articulação de Agroecologia do Vale do Taquari (AAVT) em parceria com a Emater/RS-Ascar promoveu, na terça-feira, a tarde de campo Construindo Agroecologia no Vale do Taquari. O frio e a chuva não intimidaram as mais de 150 pessoas – entre professores, estudantes, produtores rurais e dmais interessados – a prestigiar a atividade, realizada na propriedade do produtor Selvino Costa, em Passo do Corvo, Arroio do Meio.
O encontro teve por objetivo difundir as práticas da agroecologia, que é a junção de conhecimentos para uma produção sustentável, orientando a produção orgânica e dando boas dicas para a redução do uso dos agroquímicos na agricultura.
A área de cerca um hectare, onde estão plantados 306 pés de pêssegos, foi dividida em quatro estações – manejo do solo, princípios agroecológicos, políticas de incentivo e formas de organização para a comercialização de alimentos ecológicos. Na estação que trabalhou o manejo do solo, o engenheiro agrônomo do Centro de Apoio ao Pequeno Produtor (Capa), Lauderson Holz, apresentou técnicas de aplicação de calcário, de lavra e de plantio de mudas. “Estimular a vida do solo é fundamental”, afirmou.
Na etapa sobre princípios agroecológicos, o gerente regional da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Derli Bonine, explicou a importância da manutenção da biodiversidade, do controle de parasitas e do trabalho com observação e visão de conjunto. “Agroecologia é manter um ambiente equilibrado”, ressaltou. “A preocupação não deve ser apenas com aquilo que vamos colher e sim com a diversidade animal e vegetal, que também estimulará o controle dos parasitas”, disse.
Na terceira parte, os engenheiros agrônomos da Emater/RS-Ascar, Lauro Bernardi e Paulo Conrad, prestaram esclarecimentos sobre as políticas de incentivo, com destaque para a importância da realização de um bom projeto, como forma de afastar o endividamento, garantindo produtos de qualidade. “É importante que o agricultor esteja bem assessorado e que também pense no futuro e na sociedade”, afirmou Bernardi. Sobre a importância da redução do uso de agroquímicos, Conrad disse: “um pêssego bonito aos olhos pode ser feio à saúde”.
Na última estação, o representante da coordenadoria regional da Secretaria de Desenvolvimento Rural, pesca e Cooperativismo (SDR/RS), engenheiro agrônomo Mauro Stein, falou sobre as possibilidades de mercado. Além de poder vender em feiras, na agroindústria, ou mesmo em mercados, o produtor pode se utilizar de políticas públicas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), como formas de garantir renda. “Fica claro que a diversificação valoriza o agricultor como produtor de alimentos”, salientou. As produtoras, Helena Weizenmann e Áurea Seibel, do Grupo dos Agricultores Ecologistas de Forqueta também estiveram presentes nessa etapa, relatando suas experiências.
O discurso do produtor Selvino da Costa ressaltou a importância da atividade. “Para a gurizada é muito importante entender o manejo do campo e a importância da assistência técnica”, enfatizou. “Saí do campo com nove anos de idade e só fui retornar com 47. Hoje, se tenho quatro escolas querendo adquirir a minha produção de pêssegos, que ainda nem começou, muito se deve ao auxílio da Emater”, ressaltou.
Da Costa contou que morava em Campo Bom e o retorno ao meio rural foi uma maneira de aliar a paixão pelo campo e priorizar o bem-estar da família. O produtor revelou que no início suas ideias não foram bem aceitas. “Quando comprei essa área de terras, há nove anos, algumas pessoas não acreditaram que em pouco tempo eu conseguiria recuperar o solo e torná-lo produtivo, respeitando a natureza. Além de fazer isso consegui transformar uma atividade ecologicamente correta no sustento saudável da família e uma opção rentável. Hoje tenho uma propriedade bem diversificada. Produzimos vários alimentos, verduras, legumes, frutas. Os princípios da agroecologia são interesse de toda a família: a Celita, minha esposa, e meus filhos Daniel, Fabrícia e Fabiane ajudam em todas as tarefas da propriedade”, observa Selvino.
Saiba mais
Agroecologia é a junção dos conhecimentos, acadêmicos ou populares, que dão base à produção sustentável. É ela que orienta a produção orgânica, por exemplo, e dá dicas para a redução do uso de agroquímicos na agricultura. É de reconhecida importância, tendo sido referida pelas Nações Unidas como o caminho para a eliminação da fome no mundo e para o desenvolvimento sustentável da agricultura.