Não são apenas dentes bonitos que indicam uma boa saúde bucal. É preciso tomar cuidados com o tecido que ajuda a sustentá-los: a gengiva. A advertência é da cirurgiã-dentista Maysie Azambuja Schnorr, da Prefeitura de Pouso Novo: “Se sua gengiva costuma sangrar quando você escova os dentes, cuidado, isso é sinal de que o tecido da mucosa bucal está inflamado. E é neste momento que se deve redobrar os cuidados com a escovação, procurando uma melhor higienização.”
Segundo ela, as doenças que afetam a gengiva e o tecido de suporte dos dentes são chamadas de doenças periodontais. São infecções nas estruturas de suporte dos dentes (osso, ligamento periodontal, cemento e gengiva) causadas por bactérias presentes na placa bacteriana (acúmulo de bactérias sobre os dentes). As alterações mais frequentes em termos de doença são: gengivite (inflamação na gengiva) e periodontite (perda de suporte ósseo dos dentes).
A gengivite é o primeiro estágio da doença, quando se estabelece uma inflamação da gengiva que contorna os dentes. Nesta fase, nota-se sangramento da margem gengival ao escovar os dentes ou espontaneamente, edema (inchaço) e mudança de textura da gengiva. Pode causar desconforto, sangramento e mau hálito.
Se a gengivite persistir por longos períodos, meses ou anos sem ser tratada, poderá evoluir para uma periodontite, alerta Maysie: “Nesta fase da doença, estruturas que sustentam os dentes (osso, ligamento periodontal e cemento) tornam-se comprometidas. Se mesmo assim a doença não for corretamente tratada, poderá haver mobilidade (dente frouxo), presença de pus, surgimento de espaços entre os dentes e até perda destes elementos.”
Origem das doenças periodontais
A origem das doenças periodontais é o acúmulo excessivo de bactérias – presentes na placa bacteriana – entre dentes e gengiva. Por isto, o melhor meio de impedi-la é realizando uma correta higiene bucal, utilizando escova, fio dental e pasta dental três vezes ao dia.
De acordo com a profissional, é importante ficar atento, pois geralmente essas doenças não causam dor, apenas um desconforto na região afetada. Por isso a necessidade da consulta periódica ao dentista. Além de um correto diagnóstico, o ele poderá transmitir uma instrução de higiene oral individualizada, podendo fazer uso de escovas dentais específicas dependendo do caso. Já o tratamento realizado por ele geralmente consiste em remoção da placa e tártaro (placa mineralizada) em sessões de raspagem e agendamento de consulta de manutenção periódica.
As doenças periodontais podem também ter influência de fatores genéticos e sistêmicos como diabetes, distúrbios hormonais, imunológicos e outros. Tanto a gengivite quanto a periodontite tendem a se manifestar nos diabéticos de uma maneira mais agravada, dificultando o tratamento médico e dentário. Isso se deve a vários fatores, entre eles, a dificuldade de cicatrização, alterações na circulação sanguínea e a queda da imunidade do paciente, que fica mais propenso a contrair infecções.
Longe do cigarro e do estresse
O cigarro e o estresse também podem contribuir para o desenvolvimento destas doenças periodontais, pois o organismo do fumante produz menos imunoglobulina – substância que influi na capacidade de resposta imunológica – quando comparado ao organismo do não-fumante. A resposta vascular e celular também é menor, o que faz com que o fumante, no caso de uma periodontite, tenha perda óssea cinco ou seis vezes maior do que a de alguém que tem a doença e não fuma.
Além disto, fumantes e indivíduos que vivem sob tensão têm maiores chances de desenvolver esse tipo de doença. A pessoa estressada possui mais cortisol no sangue, que pode misturar-se ao fluido da gengiva e alimentar as bactérias que destroem o periodonto. Outro aspecto negativo é que a agitação do dia a dia faz com que ocorra uma queda no sistema imunológico e uma diminuição no cuidado com a saúde bucal, deixando o organismo exposto à ação das bactérias.
A presença da placa bacteriana aderida na superfície dos dentes não é responsável apenas por danos peridodontais. Conforme Maysie, essas bactérias podem entrar na corrente sanguínea e serem levadas até o coração, estômago, pulmão, intestino e rins. Estudos mostram que já foram encontradas bactérias bucais alojadas no coração, trazendo complicações cardiovasculares e de derrames. Portanto, o diagnóstico precoce e higiene oral aprimoradas são as principais armas que temos para evitar a inflamação e progressão das doenças periodontais.
Demais orientações:
• Mesmo se houver sangramento, escove os dentes da forma correta, para evitar o crescimento da placa bacteriana
• Lembre-se que gravidez, diabetes e estresse também predispõem à gengivite e à periodontite.
• Se usar aparelho dentário, redobre os cuidados com a higiene.