A vinda de uma equipe de técnicos chineses para o Brasil, com a finalidade de avaliar as condições de operação de frigoríficos, traz um novo alento para o setor de produção de suínos, com a possibilidade da ampliação do mercado naquele país que, considerando a sua população, é um consumidor em potencial.
O fato da presença da delegação da China, especialmente na região do Vale do Taquari, nos interessa de forma especial. Empresas ou frigoríficos com atuação local integram o roteiro de inspeções, casos da Cooperativa dos Suinocultores de Encantado Ltda e BR Foods, representando um importante e tradicional segmento da economia do Vale.
A partir do momento em que a Rússia impôs restrições às importações de produtos suínos, o setor de produção teve multiplicadas as suas dificuldades e há mais de um ano os produtores estão mantendo a atividade sem lucro, com um custo de produção superando o preço de comercialização do suíno.
É bem verdade que a ampliação do mercado chinês não representará a redenção da suinocultura brasileira ou gaúcha. Mas a gradativa conquista de mais outros novos mercados, vindo a somar-se aos já existentes, a partir da certificação da condição sanitária do nosso produto, poderá proporcionar uma afirmação da qualidade do rebanho nacional.
Diferentemente de outros produtos industriais, destinados à exportação, os alimentos, como é o caso da carne suína, não são supérfluos, são de primeira necessidade e essa condição faz com que a tendência seja de um aumento da procura cada vez maior.
Os órgãos governamentais e as entidades que representam os produtores precisam contribuir para que eventuais barreiras sejam superadas, à luz da razão, sem a utilização de argumentos que não sejam transparentes.
A produção primária continua com uma grande capacidade de reação e de desempenho, quando valorizada e estimulada. Mais do que nunca a agricultura poderá ser um equilíbrio na economia brasileira que, infelizmente, não vem atingindo um nível desejado, revelando incertezas e dúvidas, reflexos, talvez, da instabilidade global.
Agricultores cobram ações
Na terça e quarta-feira, Porto Alegre foi palco de fortes manifestações dos pequenos agricultores familiares, cobrando dos governantes, do Estado e da União, respostas para as suas reivindicações frente às perdas e prejuízos decorrentes da longa estiagem que persiste no Rio Grande do Sul.
A “Marcha por ajuda contra a seca” revelou a insatisfação dos produtores rurais que cobram do governador Tarso Genro maior empenho político nas negociações com o governo federal, “criticando a abundância dos investimentos visando a Copa do Mundo, enquanto a produção de alimentos padece”.
A mobilização dos produtores concentra-se em reivindicações como a obtenção de um crédito emergencial de até R$ 10 mil, com três anos de carência e sete anos para pagamento e juro de 1% ao ano, uma bolsa de R$ 1 mil por família, rebate de R$ 15 mil sobre a dívida total por agricultor, descontados multas e juros, tidos como abusivos, programa de irrigação mais abrangente e com recursos subsidiados.
Os produtores têm razões para as mobilizações e somente vão às ruas quando não há outras formas de serem ouvidos.
Máquinas agrícolas em vias públicas
O caso está se agravando dia após dia. Os produtores rurais, proprietários de tratores e outras máquinas, estão se organizando. Abordarei mais detalhes sobre este assunto na próxima semana.